O Gepemem trabalha a partir de uma sistemática de práticas denominadas
Práticas Educativas Investigativas (PEI)1, que possui seus princípios norteadores em
Chaves (2005; 2004) onde se adota a sistemática
do conjunto de ações desenvolvidas pelo professor no ciclo de discussão emgrupo sobre um problema planejamento de uma ação diferencial para atacaresse problema ↔ aplicação conjunta (professor + monitor/licenciando +aluno) da ação diferencial planejada ↔ discussão da ação realizada ↔replanejamento. (CHAVES, 2000, p.201).
O Modelo dos Campos Semânticos (MCS) é um modelo epistemológico
elaborado por Romulo Campos Lins (in memoriam), que incorpora ideias do
pensamento de Lev Semionovich Vygotsky e de Alexis Nikolaevich Leontiev e não se
restringe a uma teoria a ser estudada, mas uma teorização a ser adotada, pois, segundo
Lins (2012, p.11) o MCS só existe em ação, que converge com os princípios
norteadores das PEI e com a sistemática do conjunto de ações desenvolvidas pelo
professor no ciclo de discussão em grupo, como apresentado na citação antecedente. A
partir do MCS vislumbramos a possibilidade de ir além da relação dicotômica “acertar”
ou “errar”, pois ao criar o MCS, Romulo afirma:
Eu tinha muitas inquietações e perguntas relacionadas à sala de aula, sempre
coisa de professor mesmo, e que os autores que eu lia não me ajudavam atratar. Em particular, queria dar conta de caracterizar o que os alunos estavampensando quando ― erravam, mas sem recorrer a esta ideia do erro. (LINS,2012, p.11)
Para o desenvolvimento das ações trabalhamos segundo Leontiev (1984; 1978) e
a Teoria da Atividade, ao classificar os níveis da atividade humana em atividades
propriamente ditas, ações e operações para realizar estudos a respeito do
desenvolvimento do psiquismo humano, baseado na ideia de que o homem se
desenvolve a partir das relações sociais com o meio. Para Oliveira (1997, p.96) em
Leontiev as atividades humanas são formas de relação do homem com o mundo, são
construídas historicamente, mediadas por instrumento, dirigidas por motivos, por fins a
serem alcançados e este é orientado por objetivos, agindo intencionalmente, a partir de
ações planejadas.
A atividade, realizada por meio de ações, dirigidas por metas, desempenhadas
por diversos indivíduos envolvidos na mesma. O resultado da atividade como um todo,
que satisfaz à necessidade do grupo, também leva à satisfação das necessidades de cada
indivíduo, mesmo que cada um tenha se dedicado apenas a uma parte específica da
tarefa em questão. (OLIVEIRA, 1997, p.97-98).
As operações formam o terceiro nível da atividade humana e se referem aos
modos de execução de uma tarefa, configurando-se como os aspectos operacionais de
uma ação. Quando assumem um nível mais elevado na atividade, constituem uma ação,
desde que deixe de funcionar como um meio à realização de um objetivo e passe ela
própria a ter um objetivo. (SILVA, 2003, p.33)
Também utilizamos como aporte teórico o formato do desenvolvimento de
Também utilizamos como aporte teórico o formato do desenvolvimento de
tarefas, segundo Luria (Oliveira, 1997), ao considerarmos as tarefas de:
(i) percepção (nomeação e agrupamento de cores, nomeação e agrupamento
de figuras geométricas, respostas a ilusões visuais); (ii) abstração e
generalização (comparação, discriminação e agrupamento de objetos,
definição de conceitos); (iii) dedução e inferência (estabelecimento de
conclusões lógicas a partir de informações dadas); (iv) solução de problemas
matemáticos a partir de situações hipotéticas apresentadas oralmente; (v)
imaginação (elaboração de perguntas ao experimentador); (vi) auto-análise
(avaliação de suas próprias características). (OLIVEIRA, 1997, p.90).
Referências
- CHAVES, Rodolfo. Material pedagógico na base nacional comum na linha da
pedagogia da alternância: ensino de Matemática nas Escolas Família-Agrícolas.
Viçosa, MG: Departamento de Educação da UFV; Associação das Escolas Família-
Agrícolas de MG, 2005.
- ____. Por que anarquizar o ensino de Matemática intervindo em questões
socioambientais? 223p.Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Programa de Pós-
Graduação em Educação Matemática, Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio
Claro, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2004.
- ____. Caminhos percorridos para a implantação do grupo de pesquisa-ação em
educação matemática junto ao núcleo de ensino integrado de ciências e matemática da
Universidade Federal de Viçosa. 285 p. (Dissertação de Mestrado em Educação
Matemática) – Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, Instituto de
Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro,
2000.
- LEONTIEV, Alexis Nikolaevich. Actividad, conciencia y personalidade. México:
Cartago, 1984.
- ____. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte Universitário, 1978.
- LINS, Romulo Campos. O Modelo dos Campos Semânticos: estabelecimento e notas de
Educação Matemática: 20 anos de história. São Paulo: Midiograf, 2012. p.11-30.
- ____. Por que discutir teoria do conhecimento é relevante para a Educação
Matemática. In: BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa em Educação Matemática:
concepções & perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999. (Seminários DEBATES
Unesp).
- LURIA, Alexander Romanovich. Desenvolvimento cognitivo: seus fundamentos sociais
e culturais. 4. ed. São Paulo: Ícone, 1990.
- OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento – um processo
sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997. (Pensamento e ação no magistério).
- SILVA, Amarildo Melchiades Sobre a Dinâmica da Produção de Significados para a
Matemática. Tese (Doutorado em Educação Matemática). Instituto de Geociências e
Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2003.
1 “que não se restringe ao ambiente da sala de aula, que se constrói através de cenários investigativos emque há o compromisso de estimular a curiosidade, a espontaneidade de pensamentos e de ações. Umaprática educativa é investigativa por agregar os indivíduos envolvidos no processo em torno da resoluçãode um problema local, construída a partir das dúvidas e das incertezas que surgem ao longo do processo”.(CHAVES, 2005, p.128).